Tudo tinha começado em meados do século XII, em uma pequena cidade, havia um ferreiro, cuja era de familia humilde, tinha uma mulher estéria, que não podia ter filhos, e o que ganhava dos soldados pelas forjas, não podiam pagar para o rei as suas despensas básicas, mas um dia, o ferreiro recebeu uma proposta, de um desconhecido, que lhe ofereceu um trabalho lucrativo e herdeiros, de seu sangue e de sua mulher, o ferreiro, sem protestar aceitou, mal sabendo que estava fazendo um pacto com o próprio diabo, assinou uns papéis, e saiu a conhecer seu novo emprego, a maioria das pessoas não sabiam ler na época, então ao assinar o contrato, o pobre homem não sabia o que estava fazendo, ao acompanhar o estranho homem até um tipo de cabana, o homem virou-se para ele, e ele pode ver que os olhos do homem tinham uma cor estranha, um tom de laranja misturado com o avermelhado, ficou assustado, mas sabia que o patrao era humano, entrou na cabana, ficou em pânico quando viu que estava em uma sala cheia de velas vermelhas e simbolos estranhos colocados ao chão, tentou fugir, mas o homem o segurou, e relembrou-lhe o trato:
- Tu juraste a tua lealdade e o teu serviço a mim, agora não corras de teu eterno dever.
O homem parecia estar hipnotizado, parou e respondeu friamente:
- Sim, meu amo, eterno amo.
- Agora faças o seguinte, recolha sete ervas da montanha, e vai-te á tua mulher, e deita-se-á junto a ela, e fazes a minha cria.
O homem assentiu, saiu da cabana e foi até a montanha, voltou tarde, foi a sua casa e deitou com a sua mulher, mas logo duas semanas após isso sumiu, e um aldeão encontrou seu corpo jogado em um arbusto de espinhos, com os pulsos cortados e os olhos brancos.
Alguns meses depois, sua mulher, grávida, estava prestes a dar a luz, chamaram uma parteira da cidade, e realizaram o parto, todos sentiram uma forte ventania quando a garotinha nasceu, e todas as velas se apagaram, deixando todos em plena escuridão, colocaram a menina a mamar nos seios da mãe, a mãe gritava de dor, a menina não era normal, nasceu com dentes e presas, logo quando acenderam novamente, repararam que a menina tinha um jeito de olhar ameaçador, e que não estava tomando leite da mãe, e sim, o seu sangue.
A menina fora ameaçada de morte por diversas vezes, mas assim mesmo, cresceu forte e sadia, teve de se mudar para a floresta com sua mae, mesmo depois de 17 anos, a garota era saudavel e forte, e extremamente bela e gentil, a mãe sabia que ela tinha algo diferente, mas nunca a contou, a garota ainda bebia sangue, não se sabia por que causa, mas a sua pureza e delicadesa encobriam tudo o que ela era de verdade, vivia muito bem, não tinha o pleno conhecimento do mal, mas era impulsionada por alguma coisa, que nem sbia o que era, apesar de sempre demonstrar que era do bem, ela tinha uma parte do mal, duas pessoas num só corpo, dividindo uma só mente, partilhando de uma só vida, mas com emoções diferentes, até que um dia, resolveu fugir para o vilarejo, para saber como eram as coisas por lá, chegando lá, conheceu um jovem guerreiro, seu nome era Zacarias, ele não servia ao rei, e a nenhum outro comando da época, era um nômade andarilho, que se aventurava pela vida, encontrou a jovem garota perdida, vagando pelo centro da vila, chegou-se nela e começou a conversar:
- Olá, estás perdida?
- Sim, fugi para o vilarejo, agora estou desafujentada de meu rumo. Podes tu me ajudar?
- Claro, sou Zacarias, um caminhante somente de passagem.
- Olá, meu nome é Lilith.
- O que? Lilith? Esse é o nome de um demônio?
- Não sei, moro junto á minha mãe, na floresta.
- Pois bem, poderias tu acompanhar-me até a catedral?
- Sim, por que não iria?
Os dois foram até a catedral, Zacarias estava desconfiado da garota, mas assim mesmo poderia tirar as provas e descobrir se ela não era algum tipo de bruxa.
Os dois desceram a rua, até chegarem em uma catedral, Zacarias entrou, e observou quando Lilith entrou, e sentou-se em um banco de dentro da igreja, ficou aliviado, e sentou-se ao lado dela.
Os dois conversaram, até sairem para fora, Lilith contou-lhe o que acontecera com seu pai, sobre tudo o que sentia e o que via em seus sonhos, Zacarias também falou, e depois de algum tempo levou-la até sua casa temporaria, ele sabia que ela era uma boa pessoa, mas não sabia que tudo era planejado pelo pai do mal.
Zacarias levou-a até seu quarto, e resolveu contar um segredo que não havia contado a ninguém, apenas iria contar a ela.
- Sou um ávido caçador de bruxas, caço-as e mato-as, e acabo com a imunda raça das serviçais do diabo, e levo elas até seu maligno mestre, não sei o que irá acontecer-me, mas sei que talvez, possa acabar com o sofrimento de pessoas inocentes, acabo com as feitiçarias, e deixo as almas inocentes livres e intactas.
Lilith quase não acreditou, mas sabia que poderia ser possível, afinal, ela mesma era anormal.
Zacarias havia começado a gostar da estranha moça, e sabia que ela também gostava dele, então decidiu agir, chegou perto dela, olhou-a nos olhos e acariciou seu delicado rosto, Lilith não sabia o que estava acontecendo, mas sentia-se segura e amada pelo rapaz, ele aproximou-se mais á ela, e a beijou, Lilith sabi como agir, mesmo nunca tido beijado alguém, Zacarias a levou para sua cama, mas não sabia o que tinha acabado de fazer, e o que pôs em risco, Lilith sentia-se bem, mas logo depois, á noite, sentiu a cabeça arder, e parecia que tudo estava girando, sentiu uma raiva horrível, não sabia por que, mas o amor e ódio queimavam-lhe o coração, e sua cabeça parecia que iria explodir, Zacarias acordou, levantou-se e foi até ela.
- O que está acontecendo?!
- Não sei! Minha cabeça! Meus olhos! Estão em chamas! Me ajude!
- Lilith! Lilith!
- Ai! Me ajuda! Me ajuda!
Lilith caiu, Zacarias agachou-se e a segurou desesperado, a procura de algum sinal vital, estava tudo bem, e logo em seguida Lilith acordou, de um jeito diferente, seus olhos laranjados, agora estavam vermelhos, apesar disso parecia tudo bem, levantou-se e olhou para Zacarias.
- Lilith, pelos deuses, tu estás bem?
- Melhor impossível.
Zacarias notou que ela agia de modo diferente, não era mais a garota que conhecera, estava estranha, e agia de modo vulgar, e havia um tom sarcastico e oprensivo em sua voz, estava mais sedutora, mas agora era má, e ele não a continha, até que um dia descobriu de tudo, descobriu quem seu pai era, e sei verdadeiro pai, descobriu o que ela era, e que ele mesmo havia libertado esse seu lado, e decidiu, que mesmo que doesse, ele tinha que acabar com isso, foi até o quarto, e pegou uma adaga em forma de cruxifíxo, desceu e foi até o jardin, onde encontrou ela sentada junto a uma árvore, empunhou a adaga, e quando ia dar a facada, Lilith segurou as suas mãos.
- O que ias fazer?
- Não tem mais jeito, não posso mais vê-la assim, tenho que acabar com o que começei.
- Escute. - disse ela chegando perto dele. - Eu ainda sou a mesma, ainda estou aqui dentro, e só posso sair se você me ajudar.
- E como farei isso?
- Dê-me o que eu preciso.
- O que tu precisas?
- Peço-te somente que fique comigo.
- Por que eu iria sabendo que és isto agora?
- É a única forma, venha comigo, e ficaremos juntos para sempre.
- Contigo assim? Nem pensar.
- Tu não me amas mais?
- Amo, sim te amo, mas, estás diferente.
- Não importa, abaixe isso, e venha comigo.
Ele soltou a adaga, e foi com ela, conseguiu beija-la, mas nesse momento ela o matou com a própria arma, ele sangrou, e caiu no chão, enquanto ela sorria sarcasticamente, como se sentisse prazer em ver alguém sangrar até a morte, ele apagou.
Zacarias abriu os olhos, mas não estava mais no bosque, agora estava em um lugar estranho, era escuro, e ouvia-se lamentos de todos os lados, estava sentado no chão, e não havia mais ferida nenhuma em suas costas, ainda uma dor nas costelas, mas conseguiu ficar de pé, chegou nele um homem, estava de capuz, e tinha um pano humido em suas mãos, chegou ao rapaz e passou o pano em seu rosto.
- Quem é o senhor?
- Sou o pai de Lilith.
Zacarias afastou-se do homem.
- Você é o diabo? Eu morri?
- Não, eu sou o antigo ferreiro da cidade, fui morto por ele, e sei muito bem quem você é. e você é o único que a pode parar agora.
- Por que eu? Eu estou morto!
- Sim, e não.
Zacarias piscou, sentiu uma tontura e desmaiou, acordou em sua cama, com uma leve dor de cabeça, olhou para o lado e viu Lilith, assustou-se e tentou se afastar.
- Não chegue-te a mim! - gritou ele.
- Eu falei que ficariamos juntos, agora é para sempre.
- O que? Do que falas?